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2#SOMSOCOSMOS
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#2 SOMSOCOSMOS
Sound residency that happened from 20th October til 4st November 2018, for which 12 selectioned artists and 4 visitors.
#2 SOMSOCOSMOS
Residência sonora que aconteceu entre os dias 20 de outubro a 4 de novembro de 2018, com 12 artistas selecionados e 7 visitantes.
Imersão sonora na fazenda, para a qual vieram participantes de vários cantos, do Texas à Jordânia, mesclando musica popular, musica experimental e arte sonora. Após a residência os participantes apresentaram seus trabalhos no #1 Festival Somsocosmos, na praça da Matriz em S.J.V.R.P. e no Rio de Janeiro (Espaço Saracvra e na Audio Rebel).
Liza Casullo
Lorena Pipa
Tom Huet
Vinicius Fernandes
Bolsa Rádio:
Gabriel Martinho
Residentes Residents
Alessandra Duarte
Andrew O'Conner
Arielle Soucy
Benoit Crauste
Black Taffy
Hosam Omran
Leandra Lambert
Visitantes
Bento Bernardo
Bianca Bernardo
Demetrius Maia
Felipe Zenícola
Inti Anne
Mari Romano
Paulinho Fluxus
Produção
Alexandre Gwaz
Amanda Costa
Antonio Sobral
Benoit Bellet
Laura Zimmermann
Mari Bley
Matheus Vinhal
Veronica Cerrotta
Juri
Amanda Costa
Antonio Sobral
Bianca Bernardo
Carla Boregas
Ricardo Mansur
a EXPANSÃO DOS UNIVERSOS SINGULARES
Bianca Bernardo e Bento
Para chegar lá viajamos algumas horas pela estrada em direção às montanhas que logo tomariam o espaço do asfalto e desenhariam uma paisagem de verde e de terra. Era a primeira vez que visitava a Residência São João e decidi levar Bento comigo, meu filho de 9 anos. Escrevi esse pequeno texto em diálogo com ele, das experiências que compartilhamos juntos para as memórias que nos marcaram. Era a primeira vez também que participávamos de uma residência de arte sonora e nós dois temos um acordo de criação, o encontro de um ponto de partida em comum, quero dizer, quando percebemos que há um lugar de descoberta que nos conecta. Gostaríamos de reverberar um ritmo em cada uma das palavras que falamos aqui, produzir esse texto como uma composição de movimentos.
Uma experiência natural, disse Bento. Para sua surpresa, a casa principal onde nos hospedamos junto com os outros artistas e convidados não tinha sinal de celular nem wifi. Enquanto para mim parecia um alívio estar afastada das mensagens e feeds diários, Bento percebeu que os seus dias de residência fariam com que ficássemos mais conectados com a Natureza e não com o mundo virtual. Sem acesso fácil à internet, nos sentimos incentivados a sair da zona de conforto.
- Mãe, fica chato não fazer nada, conversar com as pessoas e conhecer o lugar transforma a nossa experiência de busca do habitar.
Bento e eu nos sentíamos integrados ao grupo de artistas em deslocamento de culturas tão diferentes. Em cada corpo vivíamos o ser, o som, a língua. Nos espaços de vida e afeto,
como artistas, tornou-se evidente que as pesquisas individuais abriam sucessivos portais para o fazer coletivo, talvez por uma pesquisa da invenção de linhas de fuga para fora dos territórios sem saída.
- Nessa segunda edição aconteceu o lançamento da convocatória para a construção de um projeto radiofônico durante a residência. Gabriel Martinho, Leandra Lambert e Vinícius Fernandes foram os artistas selecionados para a realização de conteúdos e registros das experiências, em colaboração com a artista convidada Mari Romano e de todos os residentes. Bento também participou do experimento da rádio em colaboração com Gabriel, ajudando na reportagem sobre o mutirão de colheita da cana-de-açúcar. Descobriu várias coisas que não conhecia:
- Aprendi como saber quando está madura, o jeito que se planta e colhe, e como se faz açúcar, a partir do caldo quente que vira melado e depois rapadura e finalmente açúcar. Via e imaginava aquele caminho percorrido pelo trabalho duro, de dias e noites, sóis quentes ou não, descendo, subindo e carregando montanhas.
Como podemos imaginar e habitar os espaços de sensibilidade necessários para transformar as estruturas estabelecidas?
- Como se eu estivesse fazendo o trabalho para um outro artista, eu fiz um vídeo com a Mari Bley.
O vídeo consistiu de uma gravação da pequena mão do Bento enterrada numa poça de lama, a
mão a se levantar da terra e depois aterrar novamente. No final das filmagens, completamente enlameados, tiveram uma ótima ducha na cachoeira; logo chegaram os outros artistas levando ervas para um banho.
Uma residência artística para cultivar o sentido de habitar. Uma apresentação sonora em uma pequena cidade do interior para desenhar a dobra poética de contorno do grupo de artistas.
- O que mais você gostou na apresentação do festival?
- Adorei as músicas! O jeito delas era totalmente diferente umas das outras, e às vezes, eram até de línguas diferentes.
Os artistas compuseram novas canções e se apresentaram juntos para a platéia que recebia o show com curiosidade e alegria. Em movimentos assim que os processos de revolução são engendrados, acontecem na política do desejo, na constituição das relações no campo social. A arte exerce um papel fundamental no modo como o mundo é apreendido por cada um. A residência Somsocosmos foi em busca da expansão dos universos singulares, dos sons da vida cotidiana compartilhados sem representação idealizada. Nosso contato com a invenção do som em composições que revelam a música presente nos ruídos da natureza, no interior da casa, na voz das crianças, nos cantos, vocalizações, acordes, projeções e nos beats, nos devolveu um movimento rítmico da produção de outros sentidos de (re)existência.
rÁDIO sOMSOCOSMOS
A Rádio Somsocosmos nasce no formato podcast, experimentando narrativas no espectro invisível de paisagens sonoras, sintonizadas entre o audiodoc, a memória auditiva e a livre improvisação musical, proporcionando novas estratégias de comunicação radiofônica.
Os projetos selecionados com bolsa para a realização do podcast são de Gabriel Martinho, Leandra Lambert, Vinícius Fernandes, além de contar com a colaboração da artista convidada Mari Romano e de todos os residentes.
1. mORRO gRANDE
Gabriel Martinho
fotos Amanda Costa
1
sOUND-CULTURE
Vinícius Fernandes & Grande Elenco
Fotos Mari Bley
2
3
2. bORIS wAS A vERY gOOD VaMPIRE bUT HE hAD vERY bAD tEETH
Muito Nasty
Arielle Saucy, Donovan Jones, Alexandre Gwaz, Matheus Vinhal, Vinicius Fernandes
Fotos Mari Bley
3. iMPROVISO sOBRE tEXTO
Alexandre Gwaz, Antonio Sobral, Arielle Saucy, Donovan Jones, Leandra Lambert, Matheus Vinhal, Vinicius Fernandes
4. O rUÍDO DA mÁQUINA DE cRIAR tEMPO
Leandra Lambert
Fotos Mari Bley
4
5
6
7
5. qUILOMBOLA
Lou Pipa
Percussão de Alexandre Gwaz
6. wAHASHTENI
Omram e Alexandre Gwaz
Wahashatani Khalis
Samiha Al - Qurashi
Chegança dos Mouros
Antúlio Madureira
7. sHAWSHARA
Omram
Liza Casullo
8. eNSAIO sOBRE A áGUA
Laura Zimmermann e Veronica Daniela
Foto Veronica Cerrotta
9. cASTLE rUINS
Black Taffy
Foto Mari Bley
9
8
10
10. mUSIC AND THE sHADOW pEOPLE
Andrew O'Connor
Fotos Mari Bley
bLÉRIOT
instalação sonora
de Benoit Bellet
tocada por Tom Huet
Fotos Mari Bley
cOSMOGRAFIAS LUMINOSAS
fotografias
de Mari Bley
BR_in__CHEQ_ (30')
Mari Bley
Série de 10 filmes que, partindo de universos simbólicos, decoloniais e dissidentes sobre o contexto político Brasileiro e os espelhamentos na construção histórica do poder aborda as construções e desconstruções do que chamam Brasil. Realizada pela artista Mari Bley em desdobramentos de encontros/sinergias com Paulinho Fluxus, Antonio Sobral, Bento Bernardo, Amanda Costa, Gabriel Martinho, Mari Romano, Leandra Lambert, Verónica Daniela, Laura Zimmermann, Letícia Naveira, Matheus Vinhal.
cHUVA cAIU (30')
Benoit Crauste e Mari Bley
"Chuva Caiu” é uma reverberação sonora-imagética, resultado de um encontro entre a artista visual brasileira Mari Bley e o saxofonista e compositor francês Benoit Crauste. É uma jornada meditativa no coração da floresta, uma homenagem ao longo do tempo das plantas e animais, à fragilidade e à força da natureza eternal, em conexão com o tempo de crescimento da raiz, o dever da colaboração entre seres animais, vegetais, minerais e humanos. A composição musical, na encruzilhada de uma sonoridade construída junto aos sons ambientes da floresta, propõe um diálogo entre as espécies e a abertura de um campo de experiências primordiais. A harmonização musical dos sons da natureza reverbera nas imagens micro-cosmográficas que se transformam a partir das frequências sonoras lançadas no espaço. “Chuva Caiu” propõe um retrato poético de um mundo sensível, rico, tão esquecido e ameaçado pelo extrativismo humano.
LAZULE
video de Alessandra Duarte
O projeto Lazule é um mergulho multidisciplinar para dentro do processo de apaixonamento pela cor azul. O fascínio por essa cor parece ser inerente ao ser humano. De Giotto à Yves Klein artistas exploram o azul para nos lançar ao desconhecido, em direção ao interno, evocando aquilo que é imperceptível. O trabalho áudio-visual é feito através da sonorização de um filme experimental que investiga a relação entre conceitos formais da pintura como: cor, espaço, luz, multiplicidade, unidade e textura, e o som. A trilha sonora percorre as imagens e é criada com uma guitarra elétrica, camadas de efeitos e samples de sons desenvolvidos pela artista. A trilha completa-se com um texto inspirado no romance “Bluets” da autora estadounidense, Maggie Nelson.
Mixagem de som por Matheus Vinhal.
INTERFERÊNCIA AMARELA
Fabíola Trinca
A artista desenvolve uma pesquisa textil de técnicas milenares para extrair a cor de matrizes naturais e veio à RSJ para uma auto-residência que aconteceu no mesmo momento da 2#Somsocosmos.
Ela realizou a instalação "Interferência Amarela", onde um tecido de 20m de comprimento abraçou as árvores do jardim da sede da fazenda. Para o trabalho foi usada a cúrcuma para pigmentar o tecido composto de fibra natural (gaze de algodão 100%), por meio de um longo processo que envolvia as etapas de extração, a lavagem, a armazenagem, o descascar, o trituramento, a separação e o tingimento.
WORKSHOP SAMPLES
Donovan Jones (Black Taffy)
Fotos Mari Bley
WORKSHOP MICRO TRANSMITTER
Andrew O'Connor
Fotos Mari Bley
OFICINA DE BUTHÔ
Lou Pipa
Fotos Mari Bley